Bacharel pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (1907), elegeu-se
pelo Partido Republicano Rio Grandense. deputado estadual, deputado
federal e líder da bancada gaúcha, entre 1923 e 1926. Foi Ministro da
Fazenda de Washington Luís (1926-27) e presidente do Rio Grande do Sul
(1927-1930). Em 1929 candidatou-se à presidência da República na chapa
oposicionista da Aliança Liberal. Derrotado, chefiou o movimento
revolucionário de 1930, através do qual assumiu em novembro deste mesmo
ano o Governo Provisório (1930-34). Durante este período, Vargas deu
início à estruturação do novo Estado, com a nomeação dos interventores
para os governos estaduais, a implantação da justiça revolucionária, a
criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e a promulgação
das primeiras leis trabalhistas.
Em 1932, eclodiu a Revolução Constitucionalista em São Paulo, quando o
Partido Republicano Paulista e o Partido Democrático de São Paulo,
unidos em uma frente única, organizaram grande contingente de
voluntários em luta armada contra o Governo Provisório. Iniciado em 9 de
julho, este movimento estendeu-se até 1º de outubro.
O término do movimento paulista marcou o início do processo de
constitucionalização. Em novembro de 1933, instalou-se a Assembléia
Nacional Constituinte, responsável pela promulgação da nova Constituição
e pela eleição de Getúlio Vargas como presidente da República, em julho
de 1934.
Durante o período em que governou constitucionalmente o país, cresceu
a atuação da Ação Integralista Brasileira (AIB), de inspiração
fascista, e surgiu a Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento
polarizado pelo Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do
Brasil (PCB). O fechamento da ANL, determinado por Getúlio Vargas, bem
como a prisão de alguns de seus partidários, precipitaram as
conspirações que levaram à Revolta Comunista de 1935, que eclodiu em
novembro em Natal, Recife e no Rio de Janeiro.
Em 1937, preparavam-se as eleições presidenciais para janeiro de
1938, quando foi denunciado pelo governo a existência de um plano
comunista, conhecido como Plano Cohen. Esta situação criou um clima
favorável para a instauração do Estado Novo, que ocorreria em novembro
deste ano.
Com a instauração do Estado Novo em 10 de novembro de 1937, Getúlio
Vargas determinou o fechamento de Congresso, outorgou uma nova
Constituição, que lhe conferia o controle dos poderes Legislativo e
Judiciário. No início do mês seguinte, Vargas assinou decreto
determinando o fechamento dos partidos políticos, inclusive a AIB. Em 11
de maio de 1938, os integralistas insatisfeitos com o fechamento da
AIB, invadiram o Palácio Guanabara, numa tentativa de deposição de
Vargas. Esse episódio ficou conhecido como Levante Integralista.
Entre 1937 e 1945, duração do Estado Novo, Getúlio Vargas deu
continuidade à estruturação do Estado, orientando-se cada vez mais para a
intervenção estatal na economia e para o nacionalismo econômico. Foram
criados nesse período o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), o
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), a Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN) e a Fábrica Nacional de Motores (FNM), entre
outros.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, Vargas manteve um
posicionamento neutro até 1941, quando da assinatura do acordo entre
Brasil e Estados Unidos, pelo qual o governo norte-americano se
comprometia a financiar a construção da primeira siderúrgica brasileira,
em troca da permissão para a instalação de bases militares no Nordeste.
Após o torpedeamento de navios brasileiros por submarinos alemães, em
1942, foi declarado o estado de guerra à Alemanha, Itália e Japão -
países do Eixo. Em novembro do ano seguinte, Vargas criou a Força
Expedicionária Brasileira (FEB), cujo primeiro escalão foi mandado em
julho de 1944 para combater na Itália.
Com o término do conflito em 1945, as pressões em prol da
redemocratização ficaram mais fortes, uma vez que o regime do Estado
Novo não se coadunava com os princípios democráticos defendidos pelos
países aliados durante todo o conflito. Apesar de algumas medidas
tomadas, como a definição de uma data para as eleições, a anistia, a
liberdade de organização partidária, e o compromisso de fazer eleger uma
nova Assembléia Constituinte, Vargas foi deposto em 29 de outubro de
1945, por um movimento militar liderado por generais que compunham seu
próprio ministério.
Afastado do poder, Getúlio Vargas retirou-se para sua fazenda em São
Borja, no Rio Grande do Sul, apoiando a candidatura do general Eurico
Dutra, seu ex-ministro da Guerra, à presidência da República. Nas
eleições para a Assembléia Nacional Constituinte de 1946, Vargas foi
eleito senador por dois estados: Rio Grande do Sul, na legenda do
Partido Social Democrático (PSD), e São Paulo, pelo Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB). Por esta legenda, foi também eleito representante na
Câmara dos Deputados por sete estados: Rio Grande do Sul, São Paulo,
Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Paraná.
Assumindo seu mandato no Senado como representante gaúcho, Getúlio
Vargas exerceu também a legislatura que se seguiu (1946-1949).
Candidato à presidência da República pelo PTB, em 1950, Getúlio
Vargas derrotou os candidatos, Eduardo Gomes (UDN) e Cristiano Machado
(PSD), elegendo-se com 3.849.000 votos.
Seu segundo período de governo foi marcado pela retomada da
orientação nacionalista cuja expressão maior foi a luta para a
implantação do monopólio estatal sobre o petróleo, com a criação da
Petrobrás e pela progressiva radicalização política. Vargas enfrentava
oposição cerrada por parte da UDN, em especial do jornalista Carlos
Lacerda, proprietário do jornal carioca Tribuna da Imprensa.
O atentado realizado contra Lacerda no início de agosto de 1954, no
qual foi morto o major-aviador Rubem Florentino Vaz, detonou a crise
final do governo, pelo envolvimento da guarda pessoal de Vargas no
episódio. Para a investigação do que ficou conhecido como Atentado da
Toneleros, foi instaurado um inquérito policial-militar, pelo Ministério
da Aeronáutica. Pressionado pelas Forças Armadas, durante reunião
ministerial realizada na madrugada de 23 para 24 de agosto, Vargas se
viu confrontado com a eminência da renúncia ou deposição, e suicidou-se
com um tiro no coração, deixando uma carta-testamento em que acusava os
inimigos da nação como os responsáveis por seu suicídio.
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
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